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3 de mai. de 2013

EM ORLEANS


Vim de longe, das montanhas,
Tenho pressa, muita pressa,
E nessa pressa desde a Itália,
Trago comigo, às costelas
Mostradas, de muita fome,
Que se consome em meio aos prantos!
E rolo por estes barrancos
E encontro um pouco d’água
Depois de andanças pelo grotão
Seguindo o rio Tubarão e venho...!

Venho de longe, até me sinto esquisito
E me consome esses mosquitos
E à noite os morcegos...!
Meio vesgo me atiro pelos caetés
Me enrolo com cipós e passo a noite!
Bendito, dia bendito, aquele dia,
Que de lá saí um dia, dando tchau
E recebendo em lágrimas: adio!

Num frio que quase morria
E mesmo rezando a Ave Maria
Me conduzi por estes sertões.
À família me resta um fio de lembrança
Porque me pediam: “fica”!, mas,
América, quero a América, a América!

E hoje estou aqui, sobre esta pedra,
Remoendo estes restos de gabiroba,
E o suor fazendo franja em minha testa,
Sem saber mais o que é uma festa
O que é sorrir, o que é viver...

Mas eu vim para a América,
E quero crescer na América,
E quero morrer na América,
Bem aqui próximo da serra!

Que belo penhasco, às neblinas,
Um verde só, só um verde e muito sol,
Um verão e muita vida, montanhas,
Aqui, bem aqui!
Em Orleans. 

 

 


 

 

2 de mai. de 2013

GRATIDÃO

Como se diz obrigado com a fala do coração,
Como se declama um poema com sorrisos de vida!?
Como se canta obrigado com a voz de um só olhar,
Como se abençoa a esperança com os versos d’alma?
 
Espero ter cumprido todos os meus compromissos,
Espero ter compreendido minhas humildes missões!
Espero ter acolhido as ânsias da maioria,
Espero ter respondido às tantas indagações!
 
Difícil foi ser presente quando todos me buscavam,
Difícil foi contemplar a todos nas muitas soluções!
Difícil foi haver quorum quando havia tanta urgência
Difícil foi ser caminho em todas as situações!
 
Mas o aplauso foi balsâmico, feliz e duradouro,
Mas a hora foi de festa quando a hora festejou!
Foram dignos de louvores todos os gestos sinceros,
Pois que o fato foi o indulto no momento que chegou!
 
Deus, na vida, é luz divina e clarifica sem cessar,
Ilumina a nossa vida e nos sublima de emoção!
É luz que nunca se apaga, basta apenas cultivar,
Tal fonte de luz que temos no interior do coração!

 

EU ACUSO

Eu acuso, Orleans,
Que 100 anos depois de tua emancipação,
O mundo está contaminado pelas drogas,
Pela corrupção, pelo assassinato,
E pelas incontáveis agressões à vida!
Há, por dizer, uma inexistência de idealismo,
E o que se vê são rostos melancólicos
E uma máxima de que a falta de caráter
Parece simbolizar pessoa esperta e normalmente
Muito bem sucedida social
E economicamente!
 

Eu acuso, Orleans,
Que 100 anos depois de tua emancipação,
Um altíssimo percentual de origens,
A célula mater, sem pudor, se desajustou;
A obediência se tornou retrograda,
As instruções cívicas e morais geram gargalhadas,
E o orgulho dos símbolos nacionais
Praticamente foi extinto nos
Educandários!

 
Eu acuso, Orleans,
Que 100 anos depois de tua emancipação,
O patrimônio público, quase num repente,
Viu-se escassamente ao povo oferecido;
E os sem nada aos milhares pelos caminhos,
Os donos do passado, dizimados!
As favelas se agigantaram pelo país,
O assistencialismo político foi crescente,
As doenças se alastraram, criminosamente,
Enquanto a natureza agredida
Definhou-se!
 

Eu acuso, Orleans,
Que 100 anos depois de tua emancipação,
Todos os Evangelhos não foram bem seguidos,
Todos os ensinamentos pouco aprendidos,
Todas as disciplinas pouco praticadas,
E o tempo, senhor da vida, não perdoou!
Agora, 100 anos depois do teu nascimento,
Há um devaneio e uma encruzilhada de vidas,
Um trânsito descontrolado de destinos
Que mal, cauteloso e nervosamente
Consigo rimar neste acanhado poema,
Apenas e tristemente
Acusar!

 

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