Ser
sacrílego é cometer um ato contrário, ou usar profanamente, por pessoa, de
lugar ou objeto sagrado; profanação. É também um ato de impiedade, um ultraje
feito a pessoa sagrada ou venerada, ou ainda, uma ação digna de censura ou
reparação, ou seja, um ato condenável. Isso tudo é o que nos diz o Dicionário
Aurélio. Poderia também ser o resultado de um ato que agrida a verdade
estabelecida sobre determinada razão, conceito ou tradição.
Ser um
herege ou cometer uma heresia também resulta de um comportamento que provoque
heresia, ou ação contrária a uma determinada razão estabelecida, principalmente
na questão religiosa. Mas, o Aurélio nos diz que heresia significa doutrina
contrária ao que foi definido pela Igreja, por exemplo, em matéria de fé. Pode
ser também um ato ou palavra ofensiva à religião;
E
a verdade, o que é? É muito profunda a definição de verdade. Nem é definível,
pois como todo o saber (conhecimento), vem dos sentidos. Nestes, nos sentidos,
não podemos confiar plenamente, porque são passíveis de erros. Podemos
argumentar que um mesmo objeto é passível de opiniões contrárias, assim sendo,
é possível demonstrarmos a possibilidade de erros de inteligência, o que torna
o ser humano absolutamente incapaz de conhecer a verdade. Esta, a verdade, deve
estar sempre isenta de erro, isto é, do falso.
A
verdade é relativa, pois é perfeitamente necessário o uso do contraditório.
Nenhuma verdade permaneceu intacta no tempo. Sempre foram acrescentadas ou
retiradas partes substanciais do seu todo.
Poderíamos
rejeitar a tese de que o verdadeiro é aquilo que se vê, tomando o exemplo das
pedras que são falsas por estarem debaixo da terra, pois não poderiam ser
visualizadas? Ao aceitarmos, com convicção e fé, uma verdade com tradição,
sagrada e reconhecida, pronto, eis a uma
visão cristã da verdade.
O
Purgatório é um dos mais estudados e pesquisados temas, mas graças à colaboração que recebi, e que muito
agradeço, passo a resumi-lo numa reflexão sobre este estudo em que normalmente
muito se comenta.
“O
Purgatório é invenção da Igreja Católica! Nada disso! A doutrina do Purgatório
está presente na Sagrada Escritura e na contínua Tradição da Igreja. O problema
é compreendê-la bem, para não terminar colocando na nossa cabeça coisas que a
Igreja jamais ensinou, deturpando, assim, a nossa fé católica. Não existe, na
Bíblia, uma passagem falando sobre o Purgatório, nem tampouco existe esta
palavra “purgatório”! É inútil procurar. Somente uma absoluta pureza é digna de
ser admitida à visão de Deus; nada de impuro pode estar diante dEle. Também o
Novo Testamento tem esta mesma convicção: Jesus afirma que os puros de coração
verão a Deus e o Apocalipse diz que nada profano entrará na nova Jerusalém
(Ceú).
Deus
não salva o homem sem a sua aceitação e sem a sua participação. Imaginem uma
pessoa que gosta de difamar os outros. Cada vez que ela cai neste pecado e se
confessa, o pecado é perdoado...mas as conseqüências permanecem: em primeiro
lugar, esta pessoa, cada vez que cai neste pecado, fica mais fraca, mais
viciada nele; em segundo lugar, pensem ao mal, na difamação que ela
espalhou!Tudo isto pesa na nossa vida: nós somos aquilo que fomos fazendo na
vida; nossos atos nos formam, formam nossa personalidade e terão conseqüências
no nosso destino eterno!
Estas
duas idéias abrem a possibilidade de que alguma purificação após a morte seja
necessária. Esta “ferrugem” precisa ser raspada! É à luz dessa situação que a
Escritura apresenta e aprova o costume da oração pelos mortos. Está presente na
Escritura a oração pelos falecidos, que a Igreja conheceu e praticou
constantemente. Também a Tradição mais antiga da Igreja atesta abundantemente o
costume de rezar pelos mortos litúrgica e privadamente.
São
Cipriano, bispo de Cartago no século III disse o seguinte: ‘uma coisa é
purificar-se dos pecados pelo tormento de grandes dores e purgar muito tempo...
e outra, ser coroado logo pelo Senhor’. Para aqueles que não puderam se
purificar antes da morte ou pelo martírio haverá um ‘fogo purificador’, fogo
purgatório. Aqui aparece pela primeira vez um testemunho explícito da convicção
deste estado purgatório. Mas, notemos que a expressão ‘fogo purgatório’ é,
metafórica. Desde então, vai aparecendo cada vez mais claro para os cristãos: morrer
é partir para estar com Cristo, para encontrar aquele que nos vê como somos.
Tudo aquilo que em nós foi ‘poeira do caminho’, serão ‘queimadas’, purificadas
no abraço final que Cristo nos dará! O purgatório é a purificação que recebemos
logo após a nossa morte, quando o abraço amoroso de Cristo nos envolve.
Passa-se pelo purgatório logo após a morte, caso ainda tenhamos aqueles
pecadinhos de estimação... Cristo completará em nós a obra começada. Mas,
atenção: não é que a gente vai se converter depois da morte!
Já
vimos que a Bíblia atesta a oração pelos mortos: trata-se de uma expressão
belíssima de solidariedade. A Igreja da terra está unida à Igreja que se
purifica: o amor de Cristo nos uniu! Inseridos no Corpo de Cristo pelo Batismo,
jamais estamos isolados, jamais estamos sozinhos. Uma última questão: se o
purgatório acontece imediatamente após a morte e ninguém ‘fica’ no purgatório,
mas ‘passa’ logo e pronto, para quê, então, rezar pelos Mortos? É que para Deus
não há tempo; tudo para Ele é presente: a oração que fazemos hoje serve para um
irmão nosso que já morreu há cem anos!.
É
errado fantasiar o purgatório, pensando que é um lugar, ou que lá se está
sofrendo castigos, ou que alguém fique lá por uns tempos... Na outra vida não
há tempo como aqui, nesta vida! Cuidado com as afirmações tolas e infantis! Uma
coisa é certa: somente purificados de nossas incoerências poderemos estar com
Aquele que é a Verdade. Se não arrancarmos nossos pecadinhos de estimação aqui,
o Senhor vai arrancá-los no momento de nosso encontro com Ele! E que dor saber
que não fomos generosos o bastante! É isto – e só isto - que a Igreja quer
dizer quando fala em Purgatório.