O que é feito por este tempo,
De qualquer jeito, vai de bandulho!
Vai de mentira, vai de indecência,
Vai sem coragem, vai de pandulho!
O que dizer, o que falar,
Quando se enxerga tanto esbulho!
E no perfil de tantos rostos
Desenha-se tanto orgulho!
Para que serve a nossa mídia
Se não às vezes só pra marulho!
Enquanto os calos e as feridas
Vão correndo no pedregulho!
Não muito longe se vê tristeza
Tanto que causa um certo engulho!
As mesmas caras, todos os dias,
Na massa faz-se até um entulho!
Afasta logo essa urtiga, afasta,
País gigante num cascabulho!
Acorda altivo uma vez, acorda,
Desato o nó desse teu embrulho!
E agora perto do solstício
Tempo quieto, pouco barulho!
Caminha roto um poeta solto
No frio falando quase um arrulho!
E pra deixar este solo firme
Vou mais longe neste mergulho!
Pela licença deste poema
Ao infinito pensar bagulho!