O Poeta Ferreira Gullar, cujo nome é José Ribamar
Ferreira, tem 82 anos de idade, é biógrafo, tradutor, crítico de arte,
ensaísta, etc. Nasceu em São Luis do Maranhão no dia 10.09.1930. Publicou mais
de 40 livros. A obra mais ousada do poeta é o famoso Poema Sujo, livro escrito e publicado no exílio na Argentina em
1976.
Sempre tive pela poesia de Ferreira Gullar a mais
intensa admiração, embora sempre recusasse sua postura de comunista a exemplo
do arquiteto Oscar Niemayer. Personalidades reconhecidas e admiradas
mundialmente. Mas uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa, como diria
o filósofo.
O que me deixou ainda mais atraído por sua obra e
sua pessoa notável é ter lido nas páginas amarelas de Veja, edição de 26 de
setembro/2012, que aquele Ferreira Gullar comunista não mais existe,
principalmente quando ele próprio afirma que o socialismo não faz mais sentido,
recusa o rótulo de direitista e ataca: “Quando
ser de esquerda dava cadeia, ninguém era. Agora que dá prêmio, todo mundo é”.
Isso mesmo, quem está dizendo assim é o nosso grande Ferreira Gullar.
E diz mais: “O
empresário é um intelectual que, em vez de escrever poesias, monta empresas”.
Diz mais ainda, que “... o socialismo
(comunista) fracassou. Quando o Muro de Berlim caiu, minha visão já era
bastante crítica. A derrocada do socialismo não se deu ao cabo de alguma grande
guerra. O Fracasso do sistema foi interno. Voltei a Moscou há alguns anos. O
túmulo do Lenin está ali na Praça Vermelha, mas pelo resto da cidade só se vêem
anúncios da Coca-Cola. Não tenho dúvida nenhuma de que o socialismo acabou; só
alguns malucos insistem no contrário. Se o socialismo entrou em colapso quando
ainda tinha a União Soviética como segunda força econômica e militar do mundo, não
vai ser agora que esse sistema vai vencer”. Palavras de um dos maiores poetas brasileiros de todos os tempos.
Quanto a Cuba, que tanto o poeta defendia, hoje
Ferreira Gullar diz que “Não posso
defender um regime sob o qual eu não gostaria de viver. Não posso admirar um
país do qual eu não possa sair na hora que quiser. Não dá para defender um
regime em que não se possa publicar um livro sem pedir permissão ao governo.
Apesar disso, há uma porção de intelectuais brasileiros que defendem Cuba, mas,
obviamente, não querem viver lá de jeito nenhum. É difícil para as pessoas
reconhecer que estavam erradas, que passaram a vida toda pregando uma coisa que
nunca deu certo”.
Por fim, perguntado sobre se a idade é uma aliada ou
uma inimiga do poeta, ele respondeu: “Com o avanço da idade, diminuem a vontade
e a inspiração. A gente passa a se espantar menos. Não se faz poesia a frio.
Isso não vai acontecer comigo. Sem o espanto, eu não faço. Escrever só para
fazer de conta, não faço. Eu vou morrer. O poeta que tem dentro de mim também.
Tudo acaba um dia. Quando o poeta dentro de mim morrer, não escrevo mais.
Grande Ferreira Gullar!!!
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