O Procurador-Geral da República,
Roberto Gurgel (STF), em sua última manifestação formal antes do início do
julgamento do mensalão, enviou aos ministros do Supremo Tribunal Federal um
documento no qual afirma que o caso foi "o mais atrevido e escandaloso
esquema de corrupção e de desvio de dinheiro público flagrado no Brasil".
A expressão faz parte de um vasto memorial que foi entregue aos 11 integrantes
do Supremo e obtido pelo Jornal a Folha.
Ao enviar o material, Gurgel visou
facilitar o trabalho dos ministros, caso advogados contestem provas citadas
pela acusação, ou afirmem que não existem indícios sobre um ou outro ponto.
O que Gurgel fez foi pinçar das mais
de 50 mil páginas do processo o que chamou de "principais provas"
contra os acusados. Esses documentos (como perícias, depoimentos e
interrogatórios) foram separados pelo nome de cada réu, em dois volumes. Nos
últimos dias, advogados de defesa também entregaram os seus memoriais.
No texto em que Gurgel chama o
mensalão de o mais "escandaloso esquema", o procurador retoma uma
frase que usou nas alegações finais, enviadas ao Supremo no ano passado, quando
havia dito que a atuação do STF deveria servir de exemplo contra atos de
corrupção.
Agora, diz que "a atuação do
Supremo Tribunal Federal servirá de exemplo, verdadeiro paradigma histórico,
para todo o Poder Judiciário brasileiro
e, principalmente, para toda a sociedade, a fim de que os atos de corrupção,
mazela desgraçada e insistentemente epidêmica no Brasil, sejam tratados com
rigor necessário".
Em outro ponto, ele afirma que o
mensalão representou "um sistema de enorme movimentação financeira à
margem da legalidade, com o objetivo espúrio
de comprar os votos de parlamentares tidos como especialmente relevantes pelos
líderes criminosos."
Em sua manifestação final, Gurgel
tentou relembrar alguns detalhes fundamentais, como o papel do núcleo
financeiro do esquema.
"Impressiona constatar como o
esquema ilícito funcionava, desde sua origem (financiamento), passando pela sua
operacionalização (distribuição), até o final", afirma.
Ao resumir o que a ação contém, o
procurador concluiu: "Colheu-se um substancioso conjunto de provas que não
deixa dúvidas à procedência de acusação".
Próxima semana falaremos um pouco
sobre o Mercosul e a sua transformação em “Confraria Ideológica”.
Enquanto
isso, o tempo passa...!
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