Vez por outra nos deparamos com
pérolas do pensamento humano. Agora temos esta do ex-presidente do Supremo
Tribunal Federal Joaquim Barbosa, que gostaria de compartilhar. 100 anos se
passaram, mas parece que um Barbosa (Rui) escrevia para outro (Joaquim). E esta
foi a manifestação de Joaquim Barbosa
após o julgamento:
"Sinto
vergonha de mim por ter sido educador de parte deste povo, por ter batalhado
sempre pela justiça, por compactuar com a honestidade, por primar
pela verdade e por ver este povo já chamado varonil enveredar pelo caminho da
desonra.
Sinto
vergonha de mim por ter feito parte de uma era que lutou pela democracia, pela
liberdade de ser e ter que entregar aos seus filhos, simples e abominavelmente,
a derrota das virtudes pelos vícios, a ausência da sensatez no julgamento da
verdade, a negligência com a família, célula mater da sociedade, a demasiada
preocupação com o 'eu' feliz a qualquer custo, buscando a tal 'felicidade' em
caminhos eivados de desrespeito para com o seu próximo.
Tenho
vergonha de mim pela passividade em ouvir, sem despejar meu verbo, a tantas
desculpas ditadas pelo orgulho e vaidade, a tanta falta de humildade para
reconhecer um erro cometido, a tantos 'floreios' para justificar atos
criminosos, a tanta relutância em esquecer a antiga posição de sempre
'contestar', voltar atrás e mudar o futuro.
Tenho
vergonha de mim, pois faço parte de um povo que não reconheço, enveredando por
caminhos que não quero percorrer...
Tenho vergonha da minha impotência, da minha falta de garra, das minhas desilusões e do meu cansaço. Não tenho para onde ir pois amo este meu chão, vibro ao ouvir o meu Hino e jamais usei a minha Bandeira para enxugar o meu suor ou enrolar o meu corpo na pecaminosa manifestação de nacionalidade. Ao lado da vergonha de mim, tenho tanta pena de ti, povo deste mundo!"
Tenho vergonha da minha impotência, da minha falta de garra, das minhas desilusões e do meu cansaço. Não tenho para onde ir pois amo este meu chão, vibro ao ouvir o meu Hino e jamais usei a minha Bandeira para enxugar o meu suor ou enrolar o meu corpo na pecaminosa manifestação de nacionalidade. Ao lado da vergonha de mim, tenho tanta pena de ti, povo deste mundo!"
“De tanto ver triunfar as nulidades,
de tanto ver prosperar a desonra,
de tanto ver crescer a injustiça,
de tanto ver agigantarem-se
os poderes nas mãos dos maus,
o homem chega a desanimar da virtude,
A rir-se da honra,
o homem chega a desanimar da virtude,
A rir-se da honra,
a ter vergonha de ser honesto”.
(Rui Barbosa - 1918)
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